A Ponte Invertida da Madeira-Mamoré

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Ponte Metálica de Jaci Paraná -1910 – Estrada de Ferro M.M.
A palavra Ponte provém do
Latim Pons que por sua vez descende do Etrusco Pont, que significa
“estrada”. Em grego πόντος (Póntos), derive talvez da raiz Pent que
significa uma ação de caminhar.
Desde tempos remotos que o
Homem necessita de ultrapassar obstáculos em busca de alimento ou abrigo. As
primeiras pontes terão surgido de forma natural pela queda de troncos sobre os
rios, processo prontamente imitado pelo Homem, surgindo então pontes feitas de
troncos de árvores ou pranchas e eventualmente de pedras, usando suportes muito
simples e traves mestras.
Com o surgimento da idade do
bronze e a predominância da vida sedentária, tornou-se mais importante a
construção de estruturas duradouras, nomeadamente, pontes de lajes de pedra.
Das pontes em arco há vestígios desde cerca de 4000 a.C. na Mesopotâmia e no
Egito, e, mais tarde, na Pérsia e na Grécia (cerca de 500 a.C.).
Ponte de Jaci Paraná km 90 na Estrada de Ferro Madeira Mamoré
A mais antiga estrutura
chegada aos nossos dias é uma ponte de pedra, em arco, situada no Rio Meles, na
região de Esmirna, na Turquia, e datada do século IX a.C.
Em Rondônia as primeiras
pontes foram construídas durante a epopeia e a aventura das empreiteiras na
Amazônia. Durante a construção da ferrovia Madeira-Mamoré (1907-1912), as pontes
e pontilhões instaladas ao longo do trecho férreo foram importados dos Estados
Unidos, fabricados pela Chicago Iron Works em forma de “kits” com tamanhos e
comprimentos pré-determinados, utilizando-se o sistema de rebitagem. Constituem
exemplos de engenharia de grande avanço tecnológico da época, assim como quase
tudo o que envolveu a construção e as condições geofísicas para aquela
realização. Tecnicamente representam a incorporação da melhor engenharia do
início do século XX na região de Rondônia.
Navio da Estrada de Ferro Madeira Mamoré – 1910 – Porto Velho – RO.
As características básicas
dessas pontes são a treliça metálica de grandes proporções composta por peças
perfiladas e rebitadas nas junções e articulações. A ponte invertida é obra de
criatividade e engenhosidade dos responsáveis pela construção da ferrovia. A ponte
destinada ao trecho de Jaci-Paraná segundo Hugo Ferreira (1969), teria afundado
com o navio Metrópolis nas proximidades das Antilhas, e sendo necessário alteração
do planejamento dos engenheiros, que destinaram a Ponte que seria para
Mutum-Paraná ao local do km 90 em Jaci. 
Ponte Invertida da Estrada de Ferro Madeira – Mamoré no Rio Caracol.
Parte superior da Ponte Invertida no Rio Caracol – Porto Velho – RO.
Por isso, foi necessário, uma adaptação
no trecho do Rio Caracol no km 78,3. Algumas pontes teriam sido remanejadas com
intuito de manter o avanço da linha férrea e o cumprimento de prazos. Enfim, a
surpreendente Ponte Invertida do Rio Caracol, possui arco virandel invertido,
isto é, sem a passarela de rolamento, o que entendemos ser uma proteção lateral
da ponte para a segurança da passagem da locomotiva. Eles adaptaram a ponte, os
trilhos passam por cima, numa tentativa de usar o arco da mesma como forma de
sustentação e maior estabilidade da estrutura.
Ponte Invertida da ferrovia no Rio Caracol – km 73,8 – 2015
Essa ponte é incrivelmente
segura, depois de 100 anos continua de pé, firme e estável. Pude conferir de
perto a mesma depois de 1 hora percorrendo de kaiak o rio Caracol a partir da margem
do mesmo no trecho da BR 364 km 70. 
Ponte Invertida da Estrada de Ferro Madeira Mamoré no Rio Caracol – 2015
Ela é sinônimo de história e pioneirismo,
símbolo de um legado de homens que enfrentaram a Amazônia no início do século
XX para construir um sonho, que ao passar do tempo, cada vez é ameaçado, pelo
abandono e falta de política de preservação do patrimônio histórico.    
                                                    
Aleks Palitot
Historiador
reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87

Diploma n°
483/2007, Livro 001, Folha 098

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