Forte Príncipe da Beira, a Fortaleza da Floresta

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Dizia o grande poeta Fernando Pessoa: “Ó mar salgado, quanto do teu sal, São lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar, Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena”.
Marechal Rondon com sua comissão em 1911 no Forte
A luta inscesante do Reino de Portugal não estava reduzida apenas as Grandes Navegações, como o próprio Fernado Pessoa nos deixa claro, em relação ao grande sacrifício dos portugueses para conquistar as terras além mar. É evindente que o sacrifício ficou pequeno diante das riquezas conseguidas pelo El-Rei as custas de muitas vidas nativas e da exploração do Brasil.
Foi nos confins da Amazônia, palco de várias disputas entre os Reinos Ibéricos envolvendo então, Espanha e Portugal que o Real Forte Príncipe da Beira, na margem direita do rio Guaporé, fronteira natural entre o Brasil e a Bolívia, foi construído. O mesmo é o mais antigo monumento histórico de Rondônia, símbolo das dispustas coloniais. Sua construção foi iniciada em 2 de junho de 1776 pelo engenheiro Domingos Samboceti, que faleceu de malária durante a obra, a mesma foi finalizada com muitas dificudades em 20 de agosto de 1783 pelo capitão engenheiro Ricardo Franco de Almeida e Serra.
Aleks Palitot no Forte em 2011
Sua construção teve o objetivo de consolidar a posse da coroa portuguêsa sobre as terras à margem direita dos rios Guaporé e Mamoré, no extremo noroeste do Brasil. Localiza-se há mais de 3.000km do litoral, em ponto ainda hoje de difícil acesso, e em pleno coração da grande floresta Amazônica, no município de Costa Marques.
 

O passado glorioso
Ao início da obra, disse dela o Governador da Província de Mato Grosso Luis Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, em junho de 1776: “A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei, nosso Senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalho que dê,… é serviço de Portugal. E tem de se cumprir.” A ata da cerimônia de lançamento consagra os quatro baluartes que teria a fortificação a Nossa Senhora da Conceição e Santa Bárbara, adjacentes ao rio; a Santo Antonio de Pádua e Santo André Avelino, os que corresponderiam aos anteriores, nesta ordem, voltados para a floresta.
Baluarte de Real Forte Príncipe da Beira em Costa Marques – RO
O Forte é um quadrado com 970m de perímetro, muralhas de 10m de altura e seus quatro baluartes são armados, cada um, com quatorze canhoneiras, que partiram de Belém em 1825 e só chegaram cinco anos depois. Construído de acordo com o sistema Vauban, no entorno, um profundo fosso somente permitia ingresso através de ponte elevadiça que conduzia a um portão com 3m de altura, aberto na muralha norte, a mesma não chegou a ser totalmente constrída. No interior haviam quatorze residências para o comandante e os oficiais, além de capela, armazém e depósitos. O mesmo foi abandonado em 1889, já na República, e permaneceu em absoluto abandono cerca de 40 anos, sendo saqueado e invadido pela floresta. Em 1911 foi reencontrado pelo então Major Cândido Rondon, que retornou em 1930 e construiu as instalações da unidade militar que acantonou ao lado das ruínas.
A grande fortaleza em meio a floresta desperta em nós rondonienses o sentimento de orgulho e regionalismo,pois, o passado é a dimensão viva do presente, e é este passado que devemos preservar com o intuito de transmitir para as futuras gerações o valoroso empenho dos desbravadores que ajudaram a traçar os novos limites do Brasil.
Aleks Palitot
Historiador

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