Rondônia: um mosaico de história e cultura.

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Um lugar de riquezas históricas e culturais variadas.
Assim é Rondônia, um Estado novo, com fortes traços indígenas e diversas
influências culturais que, ao longo do tempo, formou uma cultura única,
miscigenada, como em nenhum outro local. Essa expressão cultural do Estado está
presente na rica gastronomia, no folclore, na beleza do artesanato e na sua
história, que possui capítulos de momentos e ciclos econômicos, que
proporcionou ao homem encarar inúmeros desafios em meio à grande Floresta
Amazônica; homens que deram o suor, o sangue e a vida por uma grande história.
Aleks Palitot em frente ao Real Forte Príncipe da Beira – 2013 
O desafio dos desbravadores de Rondônia tem sua
primeira página escrita na história, no momento da chegada de sertanistas e
bandeirantes nessa região, homens como Raposo Tavares e Francisco Palheta, que
ousaram encarar as regiões mais inóspitas do Brasil Colônia, para garantir no
passado à coroa portuguesa, a posse desse rico território. Durante o período de
exploração dos vales do Madeira, Mamoré e Guaporé, vivemos o ciclo do ouro e
das drogas dos sertões, o homem busca a riqueza a todo custo, enfrenta índios,
o calor, a fome e as doenças. É constantemente energizado com o sonho do
Eldorado, com a possibilidade de conseguir riquezas alçando assim, parte de
seus objetivos.
Marechal Rondon com sua comissão no Forte
Para garantir a posse de nossa região, a Coroa
Portuguesa deu ordens para construir fortificações com o propósito de combater
os invasores espanhóis e estabelecer aqui o controle das terras amazônicas. Foi
incumbido de tal missão, a figura histórica de Antônio Rolim de Moura que
construiu as margens do rio Guaporé o Forte Nossa Senhora da Conceição,
garantindo através das armas a resistência contra os invasores espanhóis. Logo
depois em que o Forte Conceição posteriormente renomeado Bragança foi destruído
por uma grande inundação, Luiz de Mello Pereira e Cárceres inicia em 1776, a
construção de uma obra prima em meio a Amazônia, o monumento mais antigo de
Rondônia, o Real Forte do Príncipe da Beira, que é considerado um dos maiores
fortes da história do Brasil. Apesar de nunca ter dado um tiro com suas
cinqüenta e seis canhoneiras, esse grande monumento bélico foi importante para
demarcar os territórios guaporeanos pertencentes na atualidade ao nosso Estado
de Rondônia.
Aleks Palitot no Rio Machado em Presidente Médice – 2014
Rondônia também viveu os tempos áureos do ciclo da
borracha, foi daqui dos Vales do Madeira, Mamoré e Guaporé que saiu o ouro
branco, o látex, a tão desejada borracha, destinada aos centros industriais da
Europa e dos Estados Unidos. Foi nesse contexto que a nossa miscigenação ganhou
força, ganhou detalhes formidáveis, eis que surge na nossa história o migrante
nordestino, quem vêm para Rondônia em busca de melhores dias e aqui, se veste
de coragem e esperança em dias melhores, longe da seca do nordeste brasileiro.
É aqui na Amazônia que os elementos culturais nordestinos vão se misturar aos
valores e realidade cabocla e beradeira. É portanto, durante o ciclo da
borracha que o homem entende que se faz necessário manter a floresta em pé,
ter-la assim é sinônimo de desenvolvimento, lucro e futuro. É do corte da seringueira
que se extrair a vida, o dinheiro e o sustento.
Aleks Palitot no topo da Serra dos Pakaas em Guajará- Mirim – 2014
Para o ouro branco, a borracha, chegar mais rápido aos
grandes centros, Rondônia, ainda retalhos das Províncias do Amazonas e Mato
Grosso, viveu um dos maiores desafios enfrentados pelo homem. O Trem Fantasma,
a Ferrovia da Morte, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré que se tornou, a mais
nova obsessão dos pioneiros de Rondônia. Havia a necessidade de escoar a grande
produção da borracha, que encontrava dificuldades entre os trechos de saltos e
corredeiras entre os Rios Madeira e Mamoré. Não foi fácil, foram necessárias
cinco empresas em quarenta anos para consolidar a travessia daquilo que era o
mais moderno do mundo, os trilhos e a sua Maria fumaça. Vidas foram ceifadas,
lendas foram construídas e o sonho mais uma vez concretizado. Mas é de lendas e
sonhos, que se fortalece o espírito humano e jamais será esquecida a proeza dos
que viveram, sofreram e morreram pela Estrada de Ferro Madeira Mamoré. A velha
locomotiva permanece viva no ideal de homens e mulheres que erguem a
civilização ao longo de seus trilhos. Ela é a alma do povo, que têm o caráter o
aço dos trilhos fincados com pregos de ouro e prata, no caminho da esperança e
da fraternidade universal.
Aleks Palitot ao lado da Locomotiva da E.F.M.M. no distrito de Abunã – 2013
Rondônia com seu nome homenageia um dos personagens mais
nobres de nossa história, o grande sertanista Marechal Cândido Mariano da Silva
Rondon, nobre explorador que em 1909 por aqui chegou, e dois anos depois fundou
a primeira Estação Telegráfica de Rondônia na localidade de Vilhena. A partir
da Estação Álvaro Vilhena, este grande sertanista seguiu por todo o Estado até
Porto Velho e depois Guajará-Mirim. Pelo mesmo traçado das Linhas Telegráficas
de Rondon jovens aventureiros incentivados pelo Governador do Território
Federal de Rondônia Paulo Nunes Leal, iniciaram em 28 de outubro de 1960 a
Caravana Ford, que iria encarar o desafio de trafegar pela BR-29 inaugurada
pelo presidente do Brasil Juscelino Kubitschek. Assim pelo mesmo lugar anos
depois, os pioneiros do Quinto Batalhão de Engenharia e Construção iniciariam o
asfaltamento da futura BR- 364.
Localidade do Iata no Rio Mamoré – Guajará-Mirim – 2012
O Estado de Rondônia sempre foi palco de grandes
histórias, de grandes aventuras e odisséias, mas nenhuma história ou momento
foi mais especial do que a vinda dos migrantes na década de 70. Durante o
Regime Militar foi deflagrado um projeto de ocupação da Amazônia, levar homens
sem terras a uma terra sem homens. Nesse período a região é invadida e
conquistada por milhares de pessoas de todos os recantos do Brasil, que chegam
com seus sonhos e encaram muitos pesadelos. Tudo estava ainda por construir, e
é com esses braços fortes e coragem no coração, que os brasileiros fazem
Rondônia ser protagonista de um dos maiores surtos migratórios da história do
Brasil. Homem importante nesse projeto foi o Coronel Jorge Teixeira, deixou de
cuidar da própria saúde para garantir a criação do 23° Estado da Federação. Em
1982 o sonho daqueles que chegaram aqui se consolida, o Estado é criado mas,
ainda nos resta a grande motivação de sempre acreditar que é possível melhorar.
Hoje Rondônia mais uma vez vive um ciclo épico, e necessário que cada
Rondoniense e Rondoniano possa lutar lembrando sempre daqueles que estiveram
aqui antes de nós, e desempenharam com heroísmo a construção de nossa história.
Aleksander Palitot
Historiador
Reconhecido pelo MEC

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