Santo Antônio do Rio Madeira, a história esquecida!

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Navio em Santo Antônio do Alto Madeira
A história da localidade de
Santo Antônio é mais antiga do que a cidade de Porto Velho. O lugar hoje é
apenas um bairro anexado a nossa capital de Rondônia, mas, no passado foi
importante região de concentração de toda borracha extraída dos Rios Beni,
Mamoré, Guaporé e claro o Rio Madeira. Antes mesmo de ser no século XIX ponto
de atracamento dos navios do tipo gaiola, foi também importante missão
jesuítica liderada pelo padre João Sampaio por volta do século XVIII. Marechal
Rondon foi um dos principais incentivadores para a criação daquele que seria
até então um dos mais distantes municípios do Mato Grosso se usarmos como
referencia a capital Cuiabá. 
Santo Antônio – 1915
Remonta
a história de Santo Antônio aos primeiros anseios para a construção da Estrada
de Ferro Madeira Mamoré, quando ali chegaram os Engenheiros da  Public Works Constrution Company, seguindo-se
com a da P&T. Collins, cuja dramática história foi contada com minudências
de detalhes por Kurt Falkenberg, romance-história “ As botas do diabo”.
Localidade de Santo Antônio vista do Rio Madeira
Era
o Município de Santo Antônio do Rio Madeira de uma enorme extensão. Fazia
limites com o município de Humaitá no Amazonas nas proximidades ou no igarapé
Bate-Estacas e com o de Mato Grosso (Vila Bela), antiga capital da Província e
onde nos tempos coloniais teve residência os Capitães Generais que desbravaram
aquela região Luiz de Cárceres Pereira e Mello, o engenheiro Domingos
Sambucetti, construtor do Forte Príncipe da Beira e Ricardo Franco de Almeida
Serra que está sepultado, nas proximidades do rio Pacaás Novos da povoação de
Esperidião Marques (Guajará Mirim), onde terminavam os limites de Santo Antônio
do Rio Madeira.
município de Santo Antônio
Os
primeiros desembarques de pessoal da empreiteira May Jakyll and Randolph,
ocorreram na Vila de Santo Antônio do Rio Madeira, local logo em seguida
verificado inadequado para o desembarque e armazenamento do material pesado
para a construção da Madeira Mamoré.
É
portanto, Santo Antônio do Rio Madeira o mais antigo município incorporado ao
Território, foi palco de muitas alegrias e muitas tragédias ocorridas quando a
borracha era chamada de ouro negro e na epopéia da construção da Estrada de
Ferro Madeira Mamoré.
Sobrado de Santo Antônio do Rio Madeira
Duas
grandes firmas dominavam os negócios que se realizavam na pequena localidade,
nas duas últimas décadas do Século XIX: Suarez Hermanos, que tinha ramificações
pela área que constituiu o Território do Acre e Chachuela Esperanza, à margem
do Rio Beni, no Departamento de Pando na parte oriental da Bolívia e Jacob
Essabbá, que tinha matriz em Manaus quando capital da Província do Amazonas.
Autoridades e comerciantes em Santo Antônio (fonte- Manoel)
Teve
grande movimento quando os negócios ali se realizavam em moeda inglesa – libra
– esterlina – intensificando-se com maior volume quando foram iniciados os
trabalhos da construção da ferrovia até a implantação do município de Porto
Velho. Nos anos de 1906 até 1908 quando Porto Velho ainda não oferecia as
mínimas oportunidades de lazer, então era para Santo Antônio que iam os
trabalhadores da ferrovia buscar diversão. Distante menos de 7 quilômetros do
local do trabalho, onde eram proibidos bebidas alcoólicas, jogo e prostituição,
com esses motivos Santo Antônio naqueles três anos a sua época mais promissora.
Como
atestado dessa faustosa época de vida o município de Santo Antônio, existe um
relatório da Delegacia Fiscal do Norte de Mato Grosso referente ao movimento
administrativo e financeiro dos anos de 1908 a 1914 do qual extraímos
alguns dados. Desse relatório constatamos a existência de uma escola no período
denominada Escola Pública do Município de Santo Antônio do rio Madeira,
inaugurada em março de 1913, com 67 alunos, 36 do sexo masculino e 32 do sexo
feminino, dirigida pela professora Constanza Pestana Pires. A mesma escola foi
criada ao tempo em quem era Prefeito daquele município Joaquim Tanajura,
renomado médico da região que no passado havia participado da Comissão Rondon.
Santo Antônio do Rio Madeira 
Como
já disse, Santo Antônio, hoje é apenas um bairro de Porto Velho, onde ainda
temos alguns resquícios de sua história representada fisicamente pela Capela de
Santo Antônio (1913), o Obelisco do Centenário da Independência do Brasil
(1922) e o Sobrado de Santo Antônio (Século XIX). O lugar é na maior parte das
vezes lembrado em 13 de junho de cada ano, quando ali se festeja, no entorno da
pequena Capela o padroeiro do lugar, situado a margem direita do Rio madeira,
próximo ao lugar onde existia uma cachoeira do mesmo nome, Santo Antônio.
Nada
mais resta da época faustosa que ali se viveu, se não túmulos com inscrições
apagadas sobre lápides de mármore esmaecidos. 
  
Aleks Palitot

Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87

Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098

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