Dicas de Livros de História – Livraria Exclusiva

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Dicas de Livros Exclusiva Livraria

Título: ERa dos Extremos – Autor:  Eric John Earnest Hobsbawm  – Editora: Companhia das Letras – Categoria: Geografia e Historia / Historia Geral.

O seculo xx foi um periodo de grandes mudanças Para Eric Hobsbawm, o século foi breve e extremado: sua história e suas possibilidades edificaram-se sobre catástrofes, incertezas e crises, decompondo o construído no longo século XIX. Aqui, porém, o desafio não é tanto falar das perplexidades de hoje, mas mergulhar nos acontecimentos, ações e decisões que desde 1914, constituíram o mundo dos anos 90, um mundo onde passado e futuro parecem estar seccionados do presente.

Somente Hobsbawm, com a concisão do historiador e a fina ironia de julgamento de quem viveu e pensou em compromisso com o período sobre o qual escreve, poderia enfrentar o desafio de compreender e explicar a articulação entre a primeira Sarajevo e os quarenta anos de guerra mundial, crises econômicas e revoluções da primeira metade do século, e a última Sarajevo, das guerras étnicas e separatistas, da precaridade dos sistemas políticos transnacionais e da reposição selvagem da desigualdade contemporânea.
Hobsbawm divide a história do século em três “eras”. A primeira, “da catástrofe”, é marcada pelas duas grandes guerras, pelas ondas de revolução global em que o sistema político econômico da URSS surgia como alternativa histórica para o capitalismo e pela virulência da crise econômica de 1929. Também nesse período os fascismos e o descrédito das democracias liberais surgem como proposta mundial. A segunda são os anos dourados das décadas de 1950 e 1960 que, em sua paz congelada, viram a viabilização e a estabilização do capitalismo, responsável pela promoção de uma extraordinária expansão econômica e de profundas transformações sociais. Entre 1970 e 1991 dá-se o “desmoronamento” final, em que caem por terra os sistemas institucionais que previnem e limitam o barbarismo contemporâneo, dando lugar a brutalização e dolares da política e à irresponsabilidade teórica da ortodoxia econômica e abrindo as portas para um futuro incerto.

Título: O Rio da Dúvida – Autora: Millard, Candice – Editora: Companhia das Letras – Categoria: Geografia e Historia / Historia do Brasil e História de Rondônia

O livro conta em detalhes, num texto límpido e instigante, a história da “Expedição Científica Roosevelt-Rondon”, por um pedaço inexplorado da Amazônia brasileira. Antes apenas Expedição Roosevelt, ganhou esse nome composto, tão logo o ex-presidente dos EUA encontrou-se com nosso maior expedicionário e se reconheceram, reciprocamente, como pertencentes ao mesmo subgrupo da humanidade, devotados a causas, indiferentes às mais duras provas de resistência física, dotados de vontade inquebrantável e apaixonados pela selva. Por toda a aventura, que quase tirou a vida dos dois e se tornou uma saga com contornos trágicos para alguns, Roosevelt fez questão de manter a igualdade de status, entre ele, patrono da exploração, e Cândido Rondon, guia em comando. Rondon dera ao rio de águas negras e rápidas o nome de rio da Dúvida, na viagem em que o descobriu, uma dramática expedição, que durou 237 dias por áreas inexploradas da Amazônia e custou inúmeras vidas. Ao descê-lo a duras penas, mapeando-o inteiramente, pela primeira vez, renomeou-o em homenagem ao companheiro.

Hoje, às margens do agora rio Roosevelt, há uma pousada que vive cheia de pescadores esportivos, a maioria sem jamais suspeitar que aquelas águas foram testemunhas de provas de caráter, coragem e dedicação, que costumam virar filmes hollywoodianos. Provações que ajudaram a fazer de Ted Roosevelt um ícone no imaginário de seu país e valeram a Rondon fama de um dos maiores expedicionários de sua época. Entre nós essa história é pouco conhecida e Cândido Rondon, como nossos muriquis, tem mais chance de ganhar páginas de admiração e elogio de um autor estrangeiro contemporâneo, do que entre nós.
A autora, Candice Millard, foi editora da National Geographic e escreveu um livro que não é uma biografia de Roosevelt. É mais propriamente uma reportagem histórica, muito bem escrita e que já está fazendo sucesso. River of Doubt foi lançado no dia 20, nos EUA. No dia 22, quando entrei na livraria Barnes and Noble do Lincoln Center, em New York, para pegar um exemplar, o rapaz que me atendeu disse: “Ah, é o livro sobre o Roosevelt. Já veio muita gente aqui comprar”. Está entre os 400 mais vendidos pela rede. Na Amazon, já está na posição 210 do ranking de vendas e já tem 3 resenhas elogiosas de leitores. Em outras livrarias, está entre os 150 mais vendidos. É a combinação do prestígio de uma resenha no The NYT Book Review com o fascínio tanto de Ted Roosevelt, um gigante da história dos Estados Unidos, admirado até hoje por sua bravura e por seus valores, quanto da Amazônia. Hoje, editores de jornais como o próprio New York Times, ou o Wall Street Journal, quando perguntados sobre o que, no Brasil, tem lugar em sua pauta preferencial de matérias, respondem sem pensar: “a Amazônia”.
A história contada por Candice Millard, por muito pouco não se transforma em uma tragédia fatal para Roosevelt, então com 55 anos e para Cândido Rondon, 48. Quem pediu a Rondon para acompanhar Roosevelt nessa expedição foi Lauro Müller, seu contemporâneo na Escola Militar e, como ele, discípulo de Benjamin Constant. Rondon encontrava-se em um momento dramático de sua vida, seus soldados morriam às pencas, de doenças ou nas entradas pela selva, para implantar a linha telegráfica, que deveria ser inaugurada daí a um ano. Roosevelt acabara de perder a eleição que poderia tê-lo feito presidente dos Estados Unidos pela terceira vez. Aproveitou um convite para uma série de palestras bem pagas em Buenos Aires, para depois embrenhar-se pela selva desconhecida da Amazônia, na esperança de que um desafio que o levasse aos últimos limites físicos, pudesse apagar o travo amargo na memória de uma campanha na qual muitos amigos aconselharam não entrasse. O brasileiro imaginou que a descida do Dúvida com Roosevelt lhe daria a atenção pública necessária, para aumentar os recursos financeiros e o apoio político para a Comissão Rondon. Para ele, seria a continuação do mapeamento da selva e do avanço da linha telegráfica. Para Roosevelt mais um safári, que misturava esporte radical e levantamento científico. Candice Millard mostra como a diferença de objetivos e personalidades provocava tensões e discordâncias entre os dois líderes sem, porém, jamais levá-los a perder o respeito um pelo outro. Ao contrário, fortalecia, em cada um, a admiração do outro

Título: 1822 – Autor: Gomes, Laurentino – Editora: Nova Fronteira  – Categoria: Geografia e Historia / Historia do Brasil

Quem observasse o Brasil em 1822 teria razões de sobra para duvidar de sua viabilidade como país. Na véspera de sua independência, o Brasil tinha tudo para dar errado. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. O medo de uma rebelião dos cativos assombrava a minoria branca como um pesadelo. Os analfabetos somavam 99% da população. Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil, que poderia resultar na fragmentação territorial, a exemplo do que já ocorria nas colônias espanholas vizinhas. Para piorar a situação, ao voltar a Portugal, no ano anterior, o rei D João VI, havia raspado os cofres nacionais. O novo país nascia falido. Faltavam dinheiro, soldados, navios, armas ou munições para sustentar uma guerra contra os portugueses, que se prenunciava longa e sangrenta. Nesta nova obra, o escritor Laurentino Gomes, autor do best-seller 1808, sobre a fuga da familia real portuguesa para o Rio de Janeiro, relata como o Brasil de 1822 acabou dando certo por uma notável combinação de sorte, improvisão, acasos e também de sabedoria dos homens responsáveis pelas condução dos destinos do novo país naquele momento de grandes sonhos e muitos perigos.
O Brasil de hoje deve sua existência à capacidade de vencer obstáculos que pareciam insuperáveis em 1822. E isso, por si só, é uma enorme vitória, mas de modo algum significa que os problemas foram resolvidos. Ao contrário. A Independência foi apenas o primeiro passo de um caminho que se revelaria difícil, longo e turbulento nos dois séculos seguintes. As dúvidas a respeito da viabilidade do Brasil como nação coesa e soberana, capaz de somar os esforços e o talento de todos os seus habitantes, aproveitar suas riquezas naturais e pavimentar seu futuro persistiram ainda muito tempo depois da Independência.
Convicções e projetos grandiosos, que ainda hoje fariam sentido na construção do país, deixaram de se realizar em 1822 por força das circunstâncias. José Bonifácio de Andrada e Silva, um homem sábio e experiente, defendia o fim do tráfico negreiro e a abolição da escravatura, reforma agrária pela distribuição de terras improdutivas e o estímulo à agricultura familiar, tolerância política e religiosa, educação para todos, proteção das florestas e tratamento respeitoso aos índios. Já naquele tempo achava ser necessária a transferência da capital do Rio de Janeiro para algum ponto da região Centro-Oeste, como forma de estimular a integração nacional. O próprio imperador Pedro I tinha ideias avançadas a respeito da forma de organizar e governar a sociedade brasileira. A constituição que outorgou em 1824 era uma das mais inovadoras da época, embora tivesse nascido de um gesto autoritário – a dissolução da assembleia constituinte no ano anterior. O imperador também era um abolicionista convicto, como mostra um documento de sua autoria hoje preservado no Museu Imperial de Petrópolis.
Nem todas essas dessas ideias saíram do papel, em especial aquelas que diziam respeito à melhor distribuição de renda e oportunidades em uma sociedade absolutamente desigual. O Brasil conseguiu se separar de Portugal sem romper a ordem social vigente. Viciada no tráfico negreiro durante os mais de três séculos da colonização, a economia brasileira dependia por completoda mão de obra cativa, de tal modo que a abolição da escravatura na Independência revelou-se impraticável. Defendida por homens poderosos como Bonifácio e o próprio D. Pedro I, só viria 66 anos mais tarde, já no finalzinho do Segundo Reinado. Em 1884, faltando cinco anos para a Proclamação da República, ainda havia no Brasil 1.240.806 escravos.
É curioso observar como todo o cenário da Independência brasileira foi construído pelos portugueses, justamente aqueles que mais tinham a perder com a autonomia da colônia. O Grito do Ipiranga foi consequência direta da fuga da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808. Ao transformar o Brasil de forma profunda e acelerada nos treze anos seguintes, D. João tornou a separação inevitável. Ao contrário do que se imagina, porém, a ruptura resultou menos vontade dos brasileiros do que divergências entre os próprios portugueses. Segundo uma tese do historiador Sérgio Buarque de Holanda, já mencionada de passagem nos capítulos finais do livro 1808, a Independência foi produto de “uma guerra civil entre portugueses”, desencadeada na Revolução Liberal do Porto de 1820 e cuja motivação teriam sido os ressentimentos acumulados na antiga metrópole pelas decisões favoráveis ao Brasil adotadas por D. João.
Até as vésperas do Grito do Ipiranga, eram raras as vozes entre os brasileiros que apoiavam a separação completa entre os dois países. A maioria defendia ainda a manutenção do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, na forma criada por D. João em 1815. Foram o radicalismo e a falta de sensibilidade política das cortes constituintes portuguesas, pomposamente intituladas de “Congresso Soberano”, que precipitaram a ruptura. Portanto, os brasileiros apenas se aproveitaram das fissuras abertas na antiga metrópole para executar um projeto que, a rigor, ainda não estava maduro. De forma irônica e imprevista, Portugal completou o ciclo de sua criação nos trópicos: descoberto em 1500 graças ao espírito de aventura do povo lusitano, o Brasil foi transformado em 1808 em razão das fragilidades da coroa portuguesa, obrigada a abandonar sua metrópole para não cair refém de Napoleão Bonaparte; e, finalmente, tornado independente em 1822 pelas divergências entre os próprios portugueses.

Uma segunda tese de Sérgio Buarque de Holanda, aprofundada pela professora Maria Odila Leite da Silva Dias em A interiorização da metrópole e outros estudos, afirma que o sentimento de medo, fomentado pela constante ameaça de uma rebelião escrava, fez com que a elite colonial brasileira nas diversas províncias se mantivesse unida em torno da coroa. No Brasil de 1822 havia muitos grupos com opiniões diferentes a respeito da forma de organizar o jovem país independente, mas todos entravam em acordo diante do perigo de uma insurreição dos cativos – esta, sim, a grande preocupação que pairava no horizonte.

Dessa forma, o Brasil de 1822 triunfou mais pelas suas fragilidades do que pelas suas virtudes. Os riscos do processo de ruptura com Portugal eram tantos que a pequena elite brasileira, constituída por traficantes de escravos, fazendeiros, senhores de engenho, pecuaristas, charqueadores, comerciantes, padres e advogados, se congregou em torno do imperador Pedro I como forma de evitar o caos de uma guerra civil ou étnica que, em alguns momentos, parecia inevitável. Conseguiu, dessa forma, preservar os seus interesses e viabilizar um projeto único de país no continente americano. Cercado de repúblicas por todos os lados, o Brasil se manteve como monarquia por mais de meio século.

Como resultado, o país foi edificado de cima para baixo. Coube à pequena elite imperial, bem preparada em Coimbra e outros centros europeus de formação, conduzir o processo de construção nacional, de modo a evitar que a ampliação da participação para o restante da sociedade resultasse em caos e rupturas traumáticas. Alternativas democráticas, republicanas e federalistas, defendidas em 1822 por homens como Joaquim Gonçalves Ledo, Cipriano Barata e Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, este líder e mártir da Confederação do Equador, foram reprimidas e adiadas de forma sistemática.
A Independência do Brasil é um acontecimento repleto de personagens fascinantes em que os papéis de heróis e vilões se confundem ou se sobrepõem o tempo todo – dependendo de quem os avalia. É o caso do escocês Alexander Thomas Cochrane. Fundador e primeiro almirante da marinha de guerra do Brasil, Lord Cochrane teve participação decisiva na Guerra da Independência ao expulsar as tropas portuguesas no Norte e Nordeste. De forma inescrupulosa, no entanto, saqueou os habitantes de São Luis do Maranhão e, por fim, roubou um navio do Império. Tudo isso o transformou em herói maldito da história brasileira. Outro exemplo é José Bonifácio, celebrado no sul como o Patriarca da Independência, mas às vezes apontado no Norte e no Nordeste como um homem autoritário e manipulador, que prejudicou essas regiões em favor das oligarquias paulista, fluminense e mineira, além de ter sufocado os sonhos democráticos e republicanos do período. De todos eles, no entanto, o mais controvertido é mesmo D. Pedro I. O príncipe romântico e aventureiro, que fez a independência do Brasil com apenas 23 anos, aparece em algumas obras como um herói marcial, sem vacilações ou defeitos. Em outras, como um homem inculto, mulherengo, boêmio e arbitrário. Seria possível traçar um perfil mais equilibrado do primeiro imperador brasileiro? Tentar decifrar o ser humano por trás do mito é uma tarefa encantadora no trabalho jornalístico apresentado neste livro-reportagem. (L. Gomes, 2010)

Título: Corações Sujos –  A história da Shindo Renmei

Autor:Fernando Morais – ed. Companhia das Letras

A Shindo Renmei, ou “Liga do Caminho dos Súditos”, nasceu em São Paulo após o fim da Segunda Guerra, em 1945. Para seus seguidores, a notícia da rendição japonesa não passava de uma fraude aliada. Como aceitar a derrota, se em 2600 anos o invencível Japão jamais perdera uma guerra? Em poucos meses a colônia nipônica, composta de mais de 200 mil imigrantes, estava irremediavelmente dividida: de um lado ficavam os kachigumi, os “vitoristas” da Shindo Renmei, apoiados por 80% da comunidade japonesa no Brasil. Do outro, os makegumi, ou “derrotistas”, apelidados de “corações sujos” pelos militantes da seita.

Militarista e seguidora cega das tradições de seu país, a Shindo Renmei declara guerra aos “corações sujos”, acusados de traição à pátria pelo crime de acreditar na verdade. De janeiro de 1946 a fevereiro de 1947, os matadores da Shindo Renmei percorrem o Estado de São Paulo realizando atentados que levam à morte 23 imigrantes e deixam cerca de 150 feridos. Em um ano, mais de 30 mil suspeitos dos crimes são presos pelo DOPS, 381 são condenados e 80 são deportados para o Japão. Nesta sua volta à grande reportagem, Fernando Morais conta a história da seita nacionalista que aterrorizou a colônia japonesa no Brasil.
Prêmio Jabuti 2001 de Melhor Reportagem

Título: As Barbas do Imperador,AS D.PEDRO II, UM MONARCA NOS TROPICOS  – Autor: SCHWARCZ, LILIA MORITZ Editora: COMPANHIA DAS LETRAS Assunto: HISTÓRIA DO BRASIL

Neste livro, Lilia Moritz Schwarcz nos retrata a monarquia brasileira, especificamente o Segundo Reinado, através da trajetória de vida do Imperador D. Pedro II. Ao mesmo tempo em que o monarca se preocupava em manter as tradições e o mito monárquico – com palácios, rituais e medalhas – ele era um homem letrado e um viajante interessado no progresso. Vestindo sua murça de penas de tucano, tropicalizava a monarquia, criando uma identidade própria para um regime importado. Imperador aos catorze anos, D. Pedro II ocupou o trono por quase 50 anos e tornou-se o símbolo do Brasil Imperial, onde se misturavam os ritos da monarquia com a busca por uma identidade nacional.

Título: O Ladrão No Fim do Mundo – Borracha, Poder e As Sementes do Império
Autor: Jackson, Joe – Editora: Objetiva – Categoria: Geografia e Historia / Historia Mundial

A história de como o inglês Henry Wickham contrabandeou 70 mil sementes de seringueiras da Floresta Amazônica para a Inglaterra no século XIX é um dos casos mais ilustrativos de biopirataria de espécies amazônicas. Movido pela ambição de crescer na indústria da borracha, à época tão importante quanto a do petróleo hoje, Wickham decide explorar a selva amazônica na Venezuela e no Brasil. Após enfrentar todos os perigos da floresta, cobras e insetos gigantes, índios Yanomami e outras experiências que quase o levaram à morte, Henry Wickham retorna à Inglaterra com milhares de raras sementes de seringueira que produzia uma borracha super resistente. Estudadas no jardim botânico de Londres, as sementes foram enviadas para plantações nas colônias inglesas tropicais, e depois de trinta anos, a Inglaterra conseguiu superar o Brasil no monopólio da borracha, dominando os suprimentos mundiais.

Título: 1808 Autor: Laurentino Gomes – Editora: Planeta – Categoria: Geografia e Historia / Historia Brasil

1808 – Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil é um livro de história do Brasil e de Portugal escrito por Laurentino Gomes e publicado em 2006 sobre a transferência da corte portuguesa para o Brasil, ocorrida em 1808.
No livro, Laurentino Gomes contextualiza a vinda da família real às condições políticas, econômicas e sociais da época em Portugal, França, na Inglaterra e no Brasil. Até o final de 2008, o livro já tinha vendido mais de 350 mil exemplares no Brasil e 50 mil em Portugal.
Em 2008, 1808 recebeu o prêmio de melhor Livro de Ensaio da Academia Brasileira de Letras e o Prêmio Jabuti de Literatura na categoria de livro-reportagem e de livro do ano de não-ficção.

Título: BOA VENTURA!: A CORRIDA DO OURO NO BRASIL (1697-1810) Autor: Lucas Figueiredo Editora: Record

Enquanto Portugal só conseguia levar pau-brasil nos primórdios da ocupação americana, os espanhóis já extraíam do continente mais de 600 quilos de ouro, chegando a quase uma tonelada em meados do século 16. DivulgaçãoViolência. Atrás do ouro, bandeirantes enfrentam índios botocudos para chegar ao interior do País, na gravura feita em 1827 pelo francês Debret.
Figueiredo resolveu contar essa história tomando como ponto de partida uma enorme pepita, do tamanho de um melão, pesando pouco mais de 20 quilos, provavelmente a maior extraída no Brasil no período da corrida do ouro (1697-1810). O rush dourado fez a riqueza e, ao mesmo tempo, a desgraça de muitos que se aventuraram pelas matas em busca do metal, enfrentando índios canibais, febre, fome e, principalmente, a ganância da Coroa, que puniu o sonho de riqueza instantânea com impostos altos e até o confisco. Cansada de ser enganada pelos mineradores, a Coroa apertou o cerco e, em 1763, aplicou um instrumento de cobrança: quem não cumprisse a cota exigida, pagava com violência e prisão.
Voltando à história da pepita, ela foi levada para Portugal, trazida de volta e mais uma vez trancada nos cofres reais portugueses. O torrão só seria exposto pela primeira vez em 1991, desmentindo os boatos de que teria sido roubado pelas tropas napoleônicas após a invasão da capital portuguesa. Mais de 20 mil visitantes o viram antes que ele voltasse ao lugar de origem. Até meados do ano passado outras joias da Coroa – peças de ourivesaria fabricadas na França com ouro brasileiro – permaneciam distantes do olhar público, segundo o autor. Ainda há bastante coisa em Portugal feita com ele. Se dá para salvar novamente o país europeu da insolvência, isso já é outra história. Provavelmente não. É uma ninharia perto do que existia quando dona Maria I, a “rainha louca”, subiu ao trono, em 1777. Por essa época, o Brasil rendia aos portugueses nada menos que 8 mil toneladas de ouro ao ano, segundo o autor.
Nascido como uma pauta especial do jornal O Estado de Minas, que queria saber onde estava o ouro extraído no Brasil, o livro Boa Ventura! mostra como monarcas perdulários e sonegadores de impostos ajudaram involuntariamente a transformar uma colônia raquítica de 300 mil habitantes numa Eldorado de aventureiros seduzidos pelo ouro. Em 1697, el-rei já colocava a mão no precioso metal brasileiro, atraindo a atenção de espiões franceses que, instalados em Lisboa, viam chegar navios trazendo ouro em barra para a corte portuguesa. Até padres largaram o serviço religioso e se fizeram mineiros. Subitamente, a costa do Brasil ficou despovoada. Todos correram para as lavras, desafiando as profecias do padre Antônio Vieira, que morreu justamente no primeiro ano (1697) da fome dos exploradores e forasteiros que se embrenhavam na mata sem nenhum planejamento, submetidos à violência de saqueadores e ao deleite dos nativos antropófagos.
O jornalista Lucas Figueiredo, pesquisando em fontes primárias, logo descobriu o mito do Sabarabuçu, lendária montanha de ouro – ou um lago dourado, de acordo com alguns cronistas. Isso mexeu com a psique dos paulistas? “Certamente, em especial com desbravadores como Fernão Dias, que aceitou o pedido de Lisboa para liderar uma expedição em busca do Sabarabuçu.” Na época já sexagenário, o bandeirante foi mais precavido que outros exploradores, mas sete anos de trabalho foram suficientes para acabar com sua saúde e, ao mesmo tempo, para registrar seu nome na história como o homem que interligou o litoral com o interior do País. “O ouro mudou a economia mundial e a cultura da colônia, que sustentava o luxo e a ostentação da corte portuguesa, mas estimulou o surgimento do movimento musical mais elevado das Américas no século 18, além de propiciar a aparição de escolas de arquitetura e arte em Minas, transformada em centro irradiador de cultura”, diz Figueiredo, mostrando o outro lado de uma corrida que atraiu 600 mil portugueses em meio século. Todos atrás dos caminhos que levavam ao Sabarabuçu.