Tempo de leitura: 4 minutos
“ A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um forte, e isso é obra e serviços dos homens de El-Rei, nosso Senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalho que isso dê…é serviço de Portugal. E tem de se cumprir”
Assim, o Governador de Mato Grosso Luiz de Albuquerque de Melo P. e Cárceres, inflamado pelo desejo de cumprir a missão, de defender a região Guaporeana de possíveis invasões espanholas, determinou a construção do Real Forte Príncipe da Beira, que este ano completa 230 anos de sua inauguração. E pena que não temos muito, o que comemorar. O forte se encontra abandonado e suas estruturas estão prestes a desabar. Se não fosse o Exército Brasileiro através da 17° Brigada, que faz sua parte em cuidar e preservar o que têm, a fortaleza da floresta seria apenas uma vírgula na história de Rondônia! Uma pena as autoridades não terem a devida atenção ao monumento mais antigo de Rondônia e o maior forte do Brasil e o terceiro da América do Sul.
Comissão do Marechal Rondon no Forte em 1911 |
A construção do Real Forte Príncipe da Beira foi uma conseqüência direta do ciclo do ouro e marcou o primeiro processo de colonização do espaço físico do hoje, Estado de Rondônia. A sua edificação ocorreu durante o governo do Capitão General Cárceres, que havia substituído a Luís Pinto Sousa Coutinho no governo do Mato Grosso. Seu principal objetivo, era o de efetivar a política de expansão da coroa portuguesa, assegurar a posse das terras conquistadas, além de funcionar como posto avançado de vigilância e combate na defesa dos interesses de Portugal, do avanço militar e da cobiça espanhola, funcionando também como feitoria.
Estruturas internas do Forte |
A escolha do local onde fora construído a grande fortaleza fixa, foi fruto de uma avaliação minuciosa, feita por técnicos e engenheiros da época, homens de grande capacidade profissional.
Quanto a situação estratégica é correta. O Forte foi construído acima da confluência dos rios Mamoré e Guaporé. Isto é, qualquer invasão por parte da América Espanhola só poderia efetuar-se descendo o Mamoré, o Beni ou o Madre de Dios.
O Real Forte Príncipe foi construído em plena floresta tropical e destinado a garantir a fixação e a defender as fronteiras da América portuguesa. Ele foi fruto do arrojo e da tenacidade de Dom Luis de Albuquerque, o Fidalgo Cavaleiro da Casa Real do Conselho de sua Majestade Fidelíssima.
A falta de recursos, as longas distâncias, a proximidade dos espanhóis e de toda a sorte de dificuldades foram impedimentos constantes. As primeiras canhoneiras das 56 que foram colocadas no forte, saíam de Belém do Pará, e demoravam cinco anos para chegarem, eram trazidas em batelões que navegavam pelos rios da Amazônia até encontrar rio Guaporé.
Baluarte do Real Forte Príncipe da Beira em Rondônia |
Esse monumento da história na sua arquitetura e modelo é um quadrado no plano central, de conformidade com o sistema Vaubam (francês) ou de Praças, que utilizava principalmente a fortificação de bastiões, de 970 metros de perímetro, com uma muralha de 10 metros de altura, quatro baluartes armados cada um deles com quatorze canhoneiras.
O nome Forte Príncipe da Beira, está relacionado com uma condição de hierarquia, com um título da nobreza portuguesa. Em 1761, na cidade de Lisboa nascia o primeiro filho de Dona Maria I; que recebeu o título de Príncipe da Beira. Na verdade o seu nome era D. José Francisco Xavier de Paula Domingos Antônio Agostinho Anastácio, que faleceu em 1788.
Príncipe da Beira: D. José Francisco Anastácio |
Foram anos de trabalhos árduos. Estas muralhas testemunhas hoje têmpera dos seus construtores, refletem a vontade férrea, a determinação inabalável, que os animaram para enfrentar os desafios e as adversidades resultantes da enormidade das distâncias, da agressividade da floresta e dos animais selvagens, do desgaste físico provocado pelas doenças e das investidas do oponente externo.
Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098