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Caso de aluno da primeira série do fundamental despertou o vereador para realidade de centenas de crianças na capital
Era apenas mais um fim de tarde de uma sexta-feira comum para os pequenos alunos da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental 12 de Outubro, uma modesta unidade educacional na Zona Leste da capital que atende a comunidade do bairro Três Marias, em sua grande parte filhos de gente humilde e trabalhadora.
Como de costume os alunos estavam enfileirados aguardando o momento cívico da escola, uma tradição mantida com certo trabalho pelos diretores, na tentativa de repassar valores aos cidadãos mirins. As dificuldades são tantas que até a bandeira em alguns momentos chegou a faltar. É nesse cenário que nossa história começa. Onde se cruzam os caminho do Professor Aleks Palitot com o do pequeno Kaleb, um marco na vida política do vereador.
Foi uma professora que trabalha na escola que fez o primeiro contato com Palitot, através das redes sociais. Ao declarar seu apoio à campanha para vereador, ela pediu que Aleks lembrasse daquela unidade após eleito e fosse visitar o local.
No dia nove de março, o Professor Aleks Palitot, já conhecedor da realidade vivenciada por alunos e professores levou uma bandeira do Brasil para doar a unidade escolar. Foi nesta sexta a primeira visita do vereador à escola e foi durante o momento cívico que aconteceu o primeiro contato entre Kaleb e Aleks.
Com grande dificuldade, Kaleb olhava para Aleks tentando talvez decifrar em sua mente infantil quem era aquele homem, ao mesmo tempo em que forçava a visão para acompanhar toda a solenidade. Aleks percebeu que havia algo errado com Kaleb, na forma que olhava.
A dificuldade visual do Kaleb veio já no laudo da maternidade, segundo relata Silvia Borges, a mãe do garoto, ela não sentia o seu filho com dificuldade, pois o Kaleb “é um menino inteligente, educado e organizado, as professoras tanto antigas como a atual são sempre só elogios”, conta. Mas foi justamente a professora Adriana Oliveira, quem alertou para a dificuldade do garoto.
“Ela me falou que o Kaleb só tinha um lado da visão e aquilo estava dificultando o desempenho dele, já nos primeiros dias. Eu levei ele ao médico, mas não tinha como comprar o óculos”, conta a mãe. Para ela o vereador desempenhou muito além do seu papel como edil e se mostrou alguém humano, preocupado também com as pessoas.
“Isso é uma virtude muito rara no meio político hoje em dia, ele foi uma anjo que apareceu. Todos nós em nossa família ficamos emocionados” conta Silvia. Negra, com segundo grau incompleto, ela ganha a vida como manicure e é o retrato de uma população que por vezes é relegada as periferias das cidades.
A falta de oportunidade, de emprego e perspectivas de vida massacram milhares de portovelhenses que sofrem com a ausência do poder público no essencial para que se possa viver com dignidade.
De acordo com a professora Adriana Oliveira. “O Kaleb é um menino extremamente interessado, muito inteligente, o que dificulta a sua vida é a visão. Ele fica irritado, porque quer enxergar, quer fazer as coisas e não consegue, fica inquieto”, descreve.
Ensinando Kaleb desde o início do ano ela começou a perceber sua debilidade quando o viu caindo durante as brincadeiras, outras vezes topava nas cadeiras, ficava muito próximo ao quadro forçando a vista e com o rosto muito perto do caderno, todos indicativos do seu problema.
“Nesse caso fiquei assustada, porque a dificuldade, ou o nível do grau dele é alto e nós, a escola não tem como fazer nada. Eu fazia o que podia, sentava ao seu lado, soletrava, passava a caneta preta nas letras, colocava ele o mais próximo do quadro possível”, lembra a professora.
“Conversei com a mãe e pedi para leva-lo ao médico, ela fez um sacrifício e pagou um médico particular para consultá-lo, mas ai o problema se tornou o óculos que com seis graus ficou muito caro”, conta a professora.
Adriana relata que além do Kaleb há vários alunos com deficiência visual, vários com dificuldade auditiva, com dificuldade cognitiva e que infelizmente não tem o apoio necessário da Semed. Por isso a única orientação que a escola recebe é de recorrer a família para que eles procurem ajuda e recursos.
Promotoria
Também foi a professora Adriana quem mostrou Kaleb à Aleks, falando do problema que afligia a criança. Buscando ir além do assistencialismo, no dia 22 de março Palitot se reuniu com o Promotor Marcelo Lima de Oliveira e com a Coordenadora Municipal do Projeto Saúde na Escola na Curadoria de Educação do Ministério Público do Estado para pedir a reativação do projeto que solucionaria não apenas o caso de Kaleb, como o de muitos outros.
De acordo com o Promotor Marcelo Lima de Oliveira, o projeto é de grande importância para a rede de atendimento/proteção à criança, e que a execução dos programas em especial saúde auditiva e visual deveriam começar no ensino infantil e/ou primário do ensino fundamental, fase em que é melhor diagnosticar, tratar e até mesmo prevenir o problema.
No dia 03 de abril, foi realizada uma reunião na Secretaria Municipal de Educação (Semed) com todos os agentes envolvidos onde o Secretário Marcos Aurélio Marques afirmou já ter conhecimento do caso do Kaleb.
“Nós já vínhamos nos preparando para atender estas demandas, tanto que os processos licitatórios já estão adiantados. Consultas oftalmológicas, lentes e armações já estão em processo final e no máximo até a metade do ano iremos iniciar o atendimento”, afirmou o Secretário.
A secretaria já possui um equipamento ofertado por um dos consórcios administradores das hidrelétricas, mas que estava parado por falta de insumos, o que segundo Marcos Aurélio já foi solucionado.
Já há também uma equipe trabalhando na triagem e em breve será lançado um grande programa de atendimento médico nas escolas. O programa ficará a cargo do departamento de Saúde escolar que desenvolve ainda ações de combate ao bullying, saúde bucal, nutrição e audiometria.
O programa de oftalmologia irá buscar soluções, identificando os problemas e ofertando óculos. Serão 1000 crianças consultadas que receberão os óculos nessa primeira fase do programa o que irá auxiliar no aprendizado.
Entrega
Dias após a primeira visita à escola, Aleks gravou um vídeo nas redes sociais, direcionado aos parceiros da iniciativa privada narrando o episódio. O caso do Kaleb, sensibilizou várias pessoas, dentre elas o empresário Carlos San Juan.
“Eu vi um filme nas redes sociais e me sensibilizei com o assunto porque era realmente uma necessidade e que não custava nada auxiliar. Entrei em contato com o Professor Aleks Palitot e falei que poderia contar comigo, nós vamos ajudar essa criança a enxergar”, lembra San Juan.
Embora a quantia para o óculos seja irrisória para grandes empresários, era algo ainda inacessível para a família de Kaleb. Contando com a boa vontade dos apoiadores, nesta sexta-feira, seis de abril, Palitot acompanhado de Carlos San Juan retornou à Escola 12 de Outubro.
Em suas mãos o óculos de Kaleb e mais alguns kits escolares com livros de sua autoria para doar à escola. No semblante a certeza de que foi feito o melhor em prol do coletivo. O Programa Saúde Na Escola, seria novamente ativado.
Centenas de Kalebs, na Zona leste, Zona Sul, na Zona Norte e no Centro de nossa estimada cidade voltariam a receber o olhar do poder público. Um esforço homérico, mas que com o auxílio de pessoas de boa vontade se mostrou possível através de um olhar, demasiado humano.
San Juan, vem acompanhando o trabalho do Professor Aleks Palitot antes mesmo da política, e tem em Palitot a figura de um grande historiador de Rondônia, conhecedor dos aspectos culturais, políticos, econômicos e sociais, assim como tantos outros que vem observando sua epopeia.
“Um político que sabe das mazelas, deficiências e problemáticas da administração pública e que tem envidado todos os esforços possíveis no sentido de solucionar ou quando não é possível de ao menos melhorar da forma mais adequada”, ressalta o empresário.
“Eu acredito que vivemos em um momento de evolução em que é possível mudar e por isso não devemos jamais desistir, que temos que perseverar, trabalhar, arregaçar as mangas e nunca ficar de olho no pior, mas sim no melhor que a vida pode nos trazer”, afirma Carlos San Juan.